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Perigosos escombros poderão trazer perigo a New Horizons quando chegar a Plutão?

11-06-2012

No futuro, quando conseguirmos criar espaçonaves que consigam atingir frações da velocidade da luz, certamente o pó interestelar trará um grande perigo nestas viagens. A questão torna-se bem mais crítica quando consideramos uma sonda interestelar chegando ao sistema solar de destino. Uma missão de fly-by (vôo rasante próximo a um astro) se movendo a 10% da velocidade da luz provavelmente encontrará um ambiente bem mais perigoso próximo ao sistema estudado que no meio interestelar. Para contornar o problema, equipamentos de proteção (escudos) deverão ter sido desenvolvidos para proteger a espaçonave. No entanto, mesmo nas velocidades atuais, devemos ter em mente que surpresas poderão acontecer quando uma sonda exploratória estiver para atingir seu alvo. O que esperamos encontrar quando a sonda New Horizons se aproximar do sistema Plutão/Caronte? Vamos olhar então para um cenário que ocorrerá em 2015 quando a sonda New Horizons se aproximar de Plutão/Caronte. Ao chegar por lá a espaçonave mais rápida já criada estará em alto risco potencial uma vez que os detritos possivelmente existentes nas vizinhanças de Plutão hoje são desconhecidos dos responsáveis pela missão. Os astrônomos especulam se os escombros em órbita do Sistema Plutão/Caronte poderiam tomar uma forma de tórus ou até mesmo formar um esferóide em volta do sistema. Não sabemos ainda qual a situação de impactos atual no Cinturão de Kuiper, mas colisões entre objetos a 1-2 km/s podem expelir detritos se movendo em altas velocidades, gerando anéis de escombros ou nuvens ainda invisíveis para nós. Além disso, a recente descoberta de uma quarta lua em Plutão o que gerou novas preocupações e questões: Existem mais satélites menores orbitando este distante sistema planetário? Que ameaças estes objetos poderão trazer a missão New Horizons? Em novembro de 2011 um time de cientistas se reuniu no Southwest Research Institute (Boulder, Colorado, EUA) para debater e analisar o problema. O chamado “New Horizons Pluto Encounter Hazards Workshop” teve uma agenda intensa. O grupo foi composto de 20 especialistas em sistemas de anéis, dinâmica orbital e métodos astronômicos necessários na observação de objetos nos confins do Sistema Solar (principalmente os KBOs – objetos do Cinturão de Kuiper). Para entender o problema, o Observatório Espacial Hubble foi alocado para desempenhar um papel fundamental na busca por mais luas no sistema Plutão/Caronte e possivelmente a presença de anéis de escombros. Nesta busca o Hubble vai ser ajudado por um conjunto de telescópios terrestres que estudarão o ambiente entre Plutão e Caronte, a região do espaço onde a New Horizons foi projetada para navegar. Stern acrescenta que o radiotelescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) será capaz de realizar a leitura térmica do sistema. Toda esta campanha de observação tem por objetivo fornecer uma melhor idéia da situação que a New Horizons irá enfrentar e alimentar a missão com informações do cenário a enfrentar. Assim, os engenheiros da missão poderão estabelecer, se necessário, rotas alternativas caso se detecte que a trajetória atualmente planejada seja extremamente arriscada.

Stern escreveu:

"Estudos apresentados no New Horizons Pluto Encounter Hazards Workshop indicam que uma trajetória segura (Safe Haven BailOut Trajectory - SHBOT) pode ser estabelecida para direcionar a espaconave no fly-by a 10.000 km do seu destino. Mas especificamente, um bom candidato a SHBOT seria na região da órbita de Caronte, no lado diametralmente oposto deste, uma vez que a gravidade de Caronte tem limpado sua órbita, criando uma zona segura."
A New Horizons hoje está a cerca de 23,5 UA do Sol. O acompanhamento de uma espaçonave atualmente na metade do caminho em direção do planeta anão nunca antes visitado já é algo intrigante. No entanto, o workshop ocorreu por causa de descobertas realizadas após o lançamento da missão (19/1/2006), principalmente pela existência de uma quarta lua (P4) encontrada pelo Hubble em meados de 2011. Alan Stern especula que provavelmente há por lá luas mais tênues que ainda não foram encontradas e está preocupado com mais surpresas que nos aguardam a frente, no desenvolvimento da missão.

Stern comentou:

É algo irônico se pensar que nosso objeto de interesse e afeição nesta longa missão científica pode após tantos anos de trabalho para alcancá-lo se tornar menos hospitaleiro que outros planetas tem sido em missões anteriores (um exemplo: em Saturno a sonda Cassini está lá desde 2004 sem quaisquer danos).
A espaçonave New Horizons e os dispositivos que ela transporta são extremamente valiosos, o que justifica este esforço extra e os custos para garantir o sucesso da missão. Vamos ter esperança e assumir que a campanha de verificação do cenário a enfrentar seja bem sucedida.

Créditos: Eternos Aprendizes
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