7.5.13

Nosso 'super normal' Sistema Solar não é mais tão normal assim...




Texto de ROBERT KRULWICH, em 7 de maio de 2013 às 8:53.


   Com algumas coisas podemos contar. Como se encontrássemos um alienígena espacial, ele deveria ter olhos (e talvez uma cabeça). Como em todo lugar lá fora, há planetas como o nosso. Como nós temos um Sistema Solar comum - "comum" porque você sabe com o que ele parece...
Your basic solar system
Robert Krulwich/NPR
   Tem um Sol no meio, pequenos planetas no lado de dentro do sistema, grandes planetas mais longes. Isso é o que muitas vezes se parece, não?

   Nós achamos que deveria. Na aula de astronomia (pra todos nós que escolhemos astronomia), eles falaram sobre uma "linha de congelamento", que é uma linha bem distante do sol, onde se torna fria demais para se fazer planetas rochosos.
Frost line
Robert Krulwich/NPR
   Eles disseram que quando um sistema planetário se forma, a poeira mais próxima, no lado quente da linha, se derrete em minerais rochosos, formando bolas sólidas, como a Terra e Marte.


   Mas lá longe, no lado gelado, a poeira fica gasosa, principalmente em compostos hidrogênios, inchando para o lado gigantesco, como Júpiter, Saturno e Netuno.

   A distância do sol esculpe a vizinhança. É por isso que a maioria dos sistemas planetários no universo supostamente parecem com o nosso. Planetas rochosos por perto, planetas gasosos lá longe.

   Então nós olhamos. O que descobrimos?
Big planet close to sun.
Robert Krulwich/NPR
   Grandes planetas gasosos não estão onde deveriam estar. Em vez de manter distância, e ficarem depois da linha de congelamento, há dezenas e dezenas de bolas do tamanho de Júpiter (Grandes! Realmente grandes!) enfiadas incrivelmente próximas à sua estrela, apertando tão perto, seu "ano", sua órbita, à apenas alguns 'dias' da Terra. Eles são mais apertados que Mercúrio.

   O que significa que esses planetas uma vez frios estão agora, estranhamente, quentes. Astrônomos o chamaram de "Júpiters quentes", porque temperaturas em suas nuvens mais altas podem chiar a 1.000 graus Celsius. 

Hot jupiter
Robert Krulwich/NPR
   Ou -- e aqui está um padrão que mostra-se muitas vezes - você não vai conseguir nada, a não ser dois enormes planetas do tamanho de Netuno, como dois gêmeos famintos, aninhando-se juntos próximos à sua estrela. Bem próximos.
Two planets near sun.
Robert Krulwich/NPR
   Ou nós achamos um monte de planetas rochosos -- maiores que a Terra, mas definitivamente rochosos -- reunidos em uma formação apertada em volta da estrela (com órbita de 3.7 dias! 10.9 dias! Consegue sentir o açoite, como que numa montanha russa?) e eles vem alternando os tamanhos -- grandes, depois pequenos, depois grandes de novo, depois pequenos, depois grandes ... que bizarro!

Five planets near sun.
Robert Krulwich/NPR
   A partir desse mês, nós descobrimos 884 planetas, 692 sistemas planetários, 132 deles com mais planetas que outros e é estranho dizer, mas, quase nenhum deles se parece com o nosso.

   "Estamos agora começando a entender que a esmagadora maioria da natureza parece preferir sistemas [planetários] que tem planetas múltiplos com órbitas com menos de 100 dias," diz Steve Vogt, astrônomo da Universidade da Califórnia em Santa Cruz. "Isto é bastante diferente do nosso sistema solar, onde não tem nada no interior com uma órbita de Mercúrio. Então nosso sistema solar é, de certa forma, um pedaço de aberração do tipo que a Natureza não cozinharia".

   De repente, somos nós os anormais. Nós temos que descobrir porque o nosso sistema solar acabou diferente de todos os outros.

   A mais nova explicação para isso é que novos planetas não são fixos. Eles se movem. Um planeta gasoso vai se formar no lado rápido da linha de congelamento, órbita por um pouco, e depois gradativamente vai se movendo pro interior, puxado para mais perto da estrela. E para quando o sol empurra de volta (por meio dos fortes ventos T Tauri, que nascem no início da fusão nuclear). 

 Alguma vez tivemos o Sol aconchegando um grande planeta?

   Talvez nós alguma vez tivemos um grande planeta gasoso próximo ao nosso sol, mas ele não sobreviveu. Ele passou a fazer parte do Sol. Ou talvez ele foi ejetado -- astrônomos estão encontrando planetas emigrantes, esferas solitárias que vagueiam no universo sem nenhuma estrela, à deriva. Talvez um desses costumava viver aqui.

   Ou -- talvez Saturno e o Sol travaram um suave cabo-de-guerra. Há simulações de computadores que sugerem que a força gravitacional de Saturno manteve Júpiter navegando no interior, então os gigantes se afastou um pouquinho pra perto -- e então pararam. A verdade é: não sabemos.

   Mike Brown, um astrônomo de Caltech, escreveu que enquanto todo mundo está ocupado caçando um planeta parecido com a Terra, perderam essa história. "Antes, nós sempre descobríamos uns [planetas fora do sistema solar] e pensamos que entendíamos a formação dos sistemas planetários profundamente." Nós tínhamos nossa linha de congelamento. Nós sabíamos como o sistema solar foi formado. "Era uma teoria bem bonita," disse ele, "e, claramente, completamente errada."

   Como as descobertas rolam soltas, Mike está ficando cada vez mais desconfortável. Vai demorar um pouco para descobrir planetas menores, agora há apenas um sistema planetário que se parece muito com o nosso, diz ele. "HD 13931 b é quase perfeito. O que eu gostaria desesperadamente de saber é se ele tem ou não os pequenos corpos rochosos no interior também. Mas vai custar um longo tempo, até que possamos encontrar isso."

   Entretanto, ele está tentando se acostumar com a ideia de que vivemos num planeta estranho, em um estranho sistema solar. Isso é duas vezes "estranho". Uma vez mais do que ele está acostumado. Viver em um duplamente-estranho, deve ser muita sorte -- e talvez muito mais raro -- do que sabemos.

   "É realmente algo que acho profundamente estranho", escreveu ele, "O que isso tudo significa?" Não sei. Eu estou certo que essa ênfase inclinada em singular aos planetas em zonas habitáveis está fazendo as pessoas esquecerem que ainda há um bocado de coisas esquisitas acontecendo lá fora e que nós nem sequer entendemos o básico de como nós mesmos chegamos aqui."

O texto acima é uma tradução do texto em inglês "Our Very Normal Solar System Isn't Normal Anymore" de ROBERT KRULWICH. Traduzido por TIAGO ALVES SOARES.









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