27.3.12

Buracos negros famintos comem dois pratos de uma vez

27-03-2012

Quase todas as galáxias conhecidas no universo abrigam em seu centro um buraco negro supermaciço. Eles têm aumentado sua massa, já milhões de vezes superior à do Sol, desde o Big Bang. Mas como eles conseguem acumular tanta matéria? Em um modelo simples de buraco negro, o modo de expandir a massa seria atraindo gás através de suas bordas. Este gás formaria, naturalmente, um disco espiralado ao redor do buraco negro. Entretanto, por questões físicas gravitacionais, esse procedimento levaria trilhões de anos para acumular massa. Astrônomos da Universidade de Leicester (Inglaterra) defendem que a formação de um único disco gasoso seria inviável: os buracos negros precisam arrumar algum outro jeito de engolir matéria tão rapidamente. Pensando nisso, os cientistas criaram um modelo que compreende não um, mas dois discos rotatórios à volta do buraco negro. Um deles, menor, estaria orbitando bem junto à borda do buraco negro, e o externo orbitaria por fora do primeiro. Além de estarem em posições distintas, os discos orbitam em eixos opostos e ângulos diferentes. Dessa forma, o gás contido em ambas as “órbitas” tende a colidir, devido à força centrífuga. O buraco negro, por sua vez, aproveita essas colisões para “se alimentar”, engolindo matéria de ambos os discos. Segundo as simulações computadorizadas dos astrônomos, o fato de haver dois discos aumenta em mais de mil vezes o potencial de atração de um buraco negro. São duas fontes fornecendo matéria para o buraco em escala exponencial. Falta determinar, no entanto, como exatamente tal matéria é direcionada para o interior do buraco.

Créditos: NewScientist
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Por que Vênus não tem nenhuma lua?

27-03-2012

Um dos vários mistérios do nosso Sistema Solar é a razão pela qual Vênus não possui nenhuma lua. Uma das explicações sugere que nosso planeta irmão teve no passado remoto uma lua, mas ela foi destruída. A nossa Lua se formou quando um objeto do tamanho de Marte chocou-se com a Terra primordial há 4,5 bilhões de anos, expelindo uma quantidade enorme de material em órbita, o qual se juntou. Normalmente, os materiais lançados balisticamente meramente retornam a superfície da Terra, mas o impacto foi tão violento que temporariamente deformou a Terra e seu campo gravitacional. Assim a gravidade distorcida permitiu que o material permanecesse em órbita. Desde que se formou, a Lua tem se afastado gradualmente da Terra devido as interações gravitacionais entre os dois corpos: a Lua cria marés na Terra e estas marés reagem de volta sobre a Lua forçando seu afastamento e a redução do período de rotação da Terra. Tendo em vista que Vênus é quase idêntico em tamanho e na composição em relação a Terra os cientistas estimam que Vênus deve ter sido abalroado por objetos massivos no início da história do Sistema Solar. Uma hipótese é que estes corpos não distorceram a gravidade de Vênus o suficiente para permitir que escombros permaneçam em órbita. Outra teoria é que uma lua realmente se formou e se afastou até um ponto em que escapou do planeta. O problema com a segunda hipótese é que essa fuga deveria demorar de bilhões a dezenas de bilhões de anos, ou seja, a tal lua seria detectada hoje por nós. Em outubro de 2006, na conferência anual de ciências planetárias, em Pasadena, Califórnia, Alex Alemi e David Stevenson da Caltech argumentaram que o mistério pode estar atrelado à outra anomalia de Vênus: o seu sentido de rotação, extremamente lento (uma volta a cada 243 dias terrestres) e excepcionalmente retrógrado (no mesmo sentido dos ponteiros do relógio, se visto do seu pólo norte, ao invés do contrário, como ocorre na Terra e nos demais planetas, exceto Urano que gira deitado, com eixo a 98º). Assim, os cientistas sugeriram que Vênus passou não por um, mas por pelo menos dois grandes impactos. Pela tese levantada, o primeiro choque na lateral de Vênus teria causado o seu movimento prógrado (similar ao da Terra. Este violento impacto teria por sua vez criado uma lua que tenderia a se afastar de Vênus (como a nossa Lua). No impacto seguinte o outro lado de Vênus teria sido atingido e o planeta passou a girar de forma retrógrada, cancelando o movimento prógrado da primeira colisão. O "cancelamento" não foi exato, a gravidade solar poderia ter completado o serviço freando o movimento ou até revertendo-o. Assim esta inversão de sentido de rotação alterou as interações gravitacionais na lua e Vênus causando a sua aproximação e a seguir a sua colisão e fusão com Vênus. O segundo impacto pode ter criado outra lua ou não. Se este evento a criou, esta lua poderia ter sido afetada gravitacionalmente pela primeira, espiralando em queda para chocar-se com Vênus. Stenvenson alega que este modelo poderá ser comprovado se analisarmos a assinaturas isotópicas das rochas venusianas. Por enquanto, sua principal importância tem sido reacender sobre a inexistência de luas em Vênus, um enigma interessante que os cientistas planetários raramente exploram.

Créditos: Eternos Aprendizes
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